Dentre várias obras sempre tem aquela que se destaca,
seja por uma nova tecnologia implantada, método construtivo, inovação e tem
aquela que se destaca pelo fato da obra focar em uma atividade que agrega
valor à produção. Em 2014 participei de
um projeto de ampliação de um shopping no interior de São Paulo com metragem
total de 77.162m², onde atuação da área de logística foi bem
objetiva dando foco em um dos problemas mais comum em obra que é justamente o abastecimento
das frentes de serviço, que nada mais é, planejar para abastecer.
Quando se fala em abastecimento de frentes de serviço,
estamos falando de planejamento, o abastecimento das frentes de serviço é
apenas um item que faz parte do universo do planejamento de uma obra.
A área de apoio logístico vem ultimamente ocupando
mais espaços nas fases de orçamentos, planejamento e finalmente começa a fazer
parte da operação, ou seja, muitas obras já começaram a ter o profissional de
logística na produção, e umas das atividades que vem tomando destaque dentro dos
canteiros e a preocupação no abastecimento das frentes de serviço.
Na obra do shopping ocorria muitas atividades
paralelas como alvenaria, estrutura metálica, caixilhos, pré-moldados,
elétrica, hidráulica, ar condicionado, escadas rolantes dentre outros. Por mais
que essas atividades estavam ocorrendo em setores diferentes da obra, as paradas
na produção de frentes de serviços eram constantes.
Atividades
acontecendo simultaneamente, escavação, movimentação materiais, posicionamento de
lajes.
Essas atividades muitas vezes sofriam parada de
produção, motivos esses muitas vezes por falta de equipamento, material, mão de
obra, atividades interrompendo acessos principais, equipamento sobre a gestão
de um único engenheiro que muitas vezes esse engenheiro era responsável por um setor
especifico da obra, sendo assim ele simplesmente priorizava a sua atividade.
Sabemos que hoje na maioria das obras de grande porte
existe a divisão do canteiro em setores para facilitar toda a gestão geral da
obra, é claro que cada engenheiro vai abastecer a sua frente de serviço, o que
acaba acarretando em conflitos com relação a uso de equipamentos, frente de
serviço parada por falta de materiais etc...
Observando como essas atividades eram importantes para
o cronograma da obra, foram feitas algumas reuniões junto com a produção para
solucionar esses possíveis gargalos e conflitos internos.
Dentre essas reuniões foi determinado que a partir
daquele momento todos os equipamentos e cronograma de abastecimentos da obra
deveria ficar na responsabilidade do departamento de apoio operacional logístico
da obra, onde o mesmo realizaria a programação com os engenheiros responsáveis
por cada setor, realizaria toda gestão de equipamentos de movimentação e o
principal que era comunicar a todos as interferências com relação as atividades
principais que poderia interferir o cronograma.
O departamento
de apoio operacional logístico da obra atuava a partir do momento que a carga
chegava na obra, a partir desse momento programava-se o abastecimento das
frentes de serviço nos setores de cada engenheiro.
Na visão da diretoria da obra “um profissional focado
no abastecimento e distribuição dos materiais e equipamentos na obra é de
extrema importância para o andamento da produção, com isso a engenharia começa
a perceber a necessidade da programação de abastecimento antecipada e ao mesmo
tempo reorganiza todas atividades focadas em engenharia”.
A atividade de gestão logística operacional de obra será
sempre interligada com as demais áreas, principalmente com a área de
suprimentos que possui a responsabilidade de manter o abastecimento da obra
fechando contratos com fornecedores parceiros.
O profissional que vai preparar o planejamento de
abastecimento das frentes de serviço nunca poderá ser confundido como almoxarife,
pois a função do almoxarife é receber e armazenar e controlar claro existe
aquele almoxarife que consegue realizar outras atividades, mas nunca com
grandes porcentagens na qualidade, organização e senso de urgência da produção ao todo.
O abastecedor das frentes de serviço deverá ter os
olhos no planejamento das atividades da obra, materiais do almoxarifado,equipamentos disponíveis e nas programações da produção. Ele terá que
possuir qualidades como senso de urgência, possuir uma ótima comunicação com os
engenheiros, fornecedores e subcontratados, terá uma responsabilidade de tomar
decisões assertivas onde envolva urgências e sequências de atividades.
Um profissional de logística operacional logístico de
obras depende de fornecedores, ele também precisa ser abastecido para poder
abastecer, ou seja, muitas vezes ele vai se programar para abastecer uma frente
de serviço até as 22:00, mais poderá abastecer as 01:00 da manhã do outro dia
por vários motivos, poderia citar alguns como quebra de um veículo de
transporte em trânsito, greves, acidente e demais outros motivos, isso acontece
com frequência em muitas obras.
A comunicação como já informado anteriormente, deverá
ser ampla, clara e objetiva, onde todos os engenheiros devera ter a ciência das atividades que estão ocorrendo em cada setor da obra, justamente para não
impactar em outras atividades.
Abastecer a frente de serviço antecipadamente garante
uma grande produtividade na obra, isso foi comprovado nesse período de obra.
Houve um salto de produtividade significativo durante esse período de operação
logística com foco no abastecimento das frentes de serviço.
Como você pode ver, o planejamento e o controle da
obra são tarefas fundamentais para garantir que a sua construtora tenha sucesso
na execução de projetos. E, por mais que seja algo que demande tempo e
dedicação, os benefícios são compensadores.
Autor: Alexandre da Silva - Especialista logístico de obras.