terça-feira, 21 de agosto de 2018

Abasteça a frente de serviço! E aumente a sua produtividade na obra.


Dentre várias obras sempre tem aquela que se destaca, seja por uma nova tecnologia implantada, método construtivo, inovação e tem aquela que se destaca pelo fato da obra focar em uma atividade que agrega valor à produção.  Em 2014 participei de um projeto de ampliação de um shopping no interior de São Paulo com metragem total de 77.162m², onde atuação da área de logística foi bem objetiva dando foco em um dos problemas mais comum em obra que é justamente o abastecimento das frentes de serviço, que nada mais é, planejar para abastecer.
                             Equipe de produção preparando a marcação e já abastecida com blocos (obra residencial).

Quando se fala em abastecimento de frentes de serviço, estamos falando de planejamento, o abastecimento das frentes de serviço é apenas um item que faz parte do universo do planejamento de uma obra.
A área de apoio logístico vem ultimamente ocupando mais espaços nas fases de orçamentos, planejamento e finalmente começa a fazer parte da operação, ou seja, muitas obras já começaram a ter o profissional de logística na produção, e umas das atividades que vem tomando destaque dentro dos canteiros e a preocupação no abastecimento das frentes de serviço.

Na obra do shopping ocorria muitas atividades paralelas como alvenaria, estrutura metálica, caixilhos, pré-moldados, elétrica, hidráulica, ar condicionado, escadas rolantes dentre outros. Por mais que essas atividades estavam ocorrendo em setores diferentes da obra, as paradas na produção de frentes de serviços eram constantes.


Atividades acontecendo simultaneamente, escavação, movimentação materiais, posicionamento de lajes.

Essas atividades muitas vezes sofriam parada de produção, motivos esses muitas vezes por falta de equipamento, material, mão de obra, atividades interrompendo acessos principais, equipamento sobre a gestão de um único engenheiro que muitas vezes esse engenheiro era responsável por um setor especifico da obra, sendo assim ele simplesmente priorizava a sua atividade.
Sabemos que hoje na maioria das obras de grande porte existe a divisão do canteiro em setores para facilitar toda a gestão geral da obra, é claro que cada engenheiro vai abastecer a sua frente de serviço, o que acaba acarretando em conflitos com relação a uso de equipamentos, frente de serviço parada por falta de materiais etc...

Observando como essas atividades eram importantes para o cronograma da obra, foram feitas algumas reuniões junto com a produção para solucionar esses possíveis gargalos e conflitos internos.
Dentre essas reuniões foi determinado que a partir daquele momento todos os equipamentos e cronograma de abastecimentos da obra deveria ficar na responsabilidade do departamento de apoio operacional logístico da obra, onde o mesmo realizaria a programação com os engenheiros responsáveis por cada setor, realizaria toda gestão de equipamentos de movimentação e o principal que era comunicar a todos as interferências com relação as atividades principais que poderia interferir o cronograma.

 O departamento de apoio operacional logístico da obra atuava a partir do momento que a carga chegava na obra, a partir desse momento programava-se o abastecimento das frentes de serviço nos setores de cada engenheiro.
   
 


Na visão da diretoria da obra “um profissional focado no abastecimento e distribuição dos materiais e equipamentos na obra é de extrema importância para o andamento da produção, com isso a engenharia começa a perceber a necessidade da programação de abastecimento antecipada e ao mesmo tempo reorganiza todas atividades focadas em engenharia”.
A atividade de gestão logística operacional de obra será sempre interligada com as demais áreas, principalmente com a área de suprimentos que possui a responsabilidade de manter o abastecimento da obra fechando contratos com fornecedores parceiros.

O profissional que vai preparar o planejamento de abastecimento das frentes de serviço nunca poderá ser confundido como almoxarife, pois a função do almoxarife é receber e armazenar e controlar claro existe aquele almoxarife que consegue realizar outras atividades, mas nunca com grandes porcentagens na qualidade, organização e senso de urgência da produção ao todo.
O abastecedor das frentes de serviço deverá ter os olhos no planejamento das atividades da obra, materiais do almoxarifado,equipamentos disponíveis e nas programações da produção. Ele terá que possuir qualidades como senso de urgência, possuir uma ótima comunicação com os engenheiros, fornecedores e subcontratados, terá uma responsabilidade de tomar decisões assertivas onde envolva urgências e sequências de atividades.

Um profissional de logística operacional logístico de obras depende de fornecedores, ele também precisa ser abastecido para poder abastecer, ou seja, muitas vezes ele vai se programar para abastecer uma frente de serviço até as 22:00, mais poderá abastecer as 01:00 da manhã do outro dia por vários motivos, poderia citar alguns como quebra de um veículo de transporte em trânsito, greves, acidente e demais outros motivos, isso acontece com frequência em muitas obras.

A comunicação como já informado anteriormente, deverá ser ampla, clara e objetiva, onde todos os engenheiros devera ter a ciência das atividades que estão ocorrendo em cada setor da obra, justamente para não impactar em outras atividades.

Abastecer a frente de serviço antecipadamente garante uma grande produtividade na obra, isso foi comprovado nesse período de obra. Houve um salto de produtividade significativo durante esse período de operação logística com foco no abastecimento das frentes de serviço.


Como você pode ver, o planejamento e o controle da obra são tarefas fundamentais para garantir que a sua construtora tenha sucesso na execução de projetos. E, por mais que seja algo que demande tempo e dedicação, os benefícios são compensadores.



Autor: Alexandre da Silva - Especialista logístico de obras.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

ALGUNS DESAFIOS LOGÍSTICOS NA CONSTRUÇÃO DE AEROPORTOS.



Aprofundar-se em questões complexas como a construção de aeroportos é um desafio para alguns profissionais de diversas áreas. Apoiar decisões importantes, envolvendo investimentos vultosos que contribuem para o desenvolvimento do país é sempre empolgante. O gestor de obras deve preparar-se para lidar com infraestrutura complexas.
Quando se fala de aeroportos obras ou expansão toda a equipe da obra se esforça para encontrar soluções nas mais diversas dificuldades do dia a dia, onde qualquer decisão errada pode impactar brutalmente no cronograma.

De acordo com alguns especialistas nesse modelo de obra, os projetos de aeroportos são mais complexos por envolverem muitas disciplinas. Algumas ‘puxam’ o projeto e outras o complementam. Geometria, terraplanagem pavimentação, arquitetura e urbanismo são as disciplinas que definem o projeto. Em seguida vêm as complementares, mais específicas, que são a drenagem, elétrica, eletrônica, telemática, hidráulica e auxílio da navegação. Essas não direcionam o projeto, mas vêm a reboque das outras disciplinas maiores.

É importante lembrar que, atualmente, há uma preocupação muito grande com o meio ambiente, o que não acontecia há tempos. O processo inteiro, desde quando começa o projeto até a parte de entrega, é norteado pela atenção à proteção ambiental. Não dá para dizer que é uma disciplina, pois o assunto não chega a gerar um projeto. Mas todas as áreas estão sendo alteradas para se adaptarem às exigências ambientais. Para o tratamento de águas pluviais, por exemplo, é preciso pensar logo no início do projeto em como captar a água da chuva contaminada com óleo de aeronaves e caminhões para tratamento posterior.

Todas as disciplinas que participam do projeto geral do aeroporto exigem dos projetistas alguma experiência com esse tipo de obra. Mesmo que seja uma disciplina complementar, o técnico precisa saber o que acontece no aeroporto para ter uma boa atuação. Geometria, arquitetura e urbanismo, pavimentação e auxílio da navegação são as quatro disciplinas que exigem especialistas no tema, caso contrário à obra não sai. Para as demais, os projetistas podem ter uma capacitação básica desse tipo de empreendimento para realizar o trabalho.

Por exemplo, drenagem e terraplanagem, apesar de serem realizadas para um aeroporto, compartilham muito dos princípios de qualquer outro empreendimento. Sabendo um pouco sobre o funcionamento e a operação do aeroporto, o profissional consegue desenvolver bem a tarefa, mesmo sem ter muita especialização. Já o gestor de logística precisa ter conhecimento e experiência na área de movimentações, transporte e distribuição dentro da construção civil. O aeroporto é um sistema muito específico, com muitos interessados envolvidos. A gestão logística depende de conhecer como ele funciona e o que deve ser prioridade em cada momento.

Mas a ideia dessa matéria e comentar alguns pontos onde a logística atua fortemente.
Apesar do progresso vivido nos últimos anos, o setor da construção civil ainda é um dos setores com índices de desperdícios em todas as fases da obra tanto na estrutura quanto no acabamento, e esses assumem formas variadas, com origem nas diversas etapas do processo da construção o que demanda planejamento sistemático de todos os processos e recursos de uma obra.

Entretanto, dispor de elementos que garantam a qualidade no gerenciamento da obra não é suficiente para garantir a qualidade na execução da obra. A logística em conjunto atua fortemente nas atividades como programação de entregas, movimentações de máquinas, posicionamentos de áreas para armazenamento, licenças, autorizações, projetos de acessos de maquinários e pessoas, layout de canteiro, sendo assim cada obra complexa precisa ser acompanhados de perto por um profissional que entenda e que de foco nessas atividades, antes ignoradas por muitas construtoras.

Dividindo em fases as operações logísticas em obras podemos ter como ponta pé inicial o estudo do planejamento de áreas de vivencia, planejamento de áreas de armazenamento, planejamento de sinalizações nas vias internas e externas, programações de recebimento e transporte, gestão de equipamentos interno ao canteiro e externo, acompanhamento nas movimentações de cargas especiais sempre atendendo as normas, as fiscalizações federais, municipais que muitas vezes exigem projetos, licenças, alvarás, controles rígidos.
Trabalhar em áreas federais exige uma disciplina muito rigorosa principalmente quando o assunto é entrada de materiais.
Em muitos casos de obras de aeroportos, sempre existe uma empresa especialista em gerenciamento, nesse caso muitas exigem projetos de sinalização externo e interno a obra.
O canteiro de obra deverá ser bem sinalizado isso garante uma segurança e organização nos fluxos de movimentações de pessoas, materiais e equipamentos na obra.
Outro fator que costumar acarretar muito stress nas obras é sobre o uso dos equipamentos, uma obra de aeroporto costuma-se ter no mínimo de 3 a 4 mestres e um número razoável de encarregados, divididos esses por setor, vai de cada obra de aeroporto, nesse caso a função do responsável da logística é simplesmente planejar e distribuir os equipamentos para as atividades diárias de cada mestre ou encarregado, isso evita conflitos entre mestres e áreas, sendo assim cada mestre se responsabiliza por fazer sua programação junto ao responsável dos equipamentos.

GESTÃO DE EQUIPAMENTOS.

Aquela história onde cada engenheiro ou mestre cuida do seu equipamento, já está ultrapassada em construções pesadas. Hoje as grandes construtoras possuem em seu efetivo um responsável para coordenar todas as operações de movimentação e transporte internamente e externa ao canteiro de obras, isso faz com que a  comunicação seja rápida e objetiva no caso de uma parada de equipamento ou atividades em áreas onde possui muitas atividades conjuntas. Um responsável pelos equipamentos facilita a comunicação entre fornecedor x obras x operadores, sem contar na redução de conflitos internos referente a uso dos equipamentos. Podemos dizer que infelizmente a comunicação interna nos canteiros de obras é muito defeituosa.

Planejamento e segurança em operações de equipamentos, que há pouco tempo eram temas secundários, se tornaram pauta prioritária devido aos recentes acontecimentos que evidenciaram de maneira negativa o setor da construção. No Brasil, as estatísticas sobre mortes em acidentes nos canteiros ainda são um tanto obscuras por falta de dados registrados oficialmente. Porém, especialistas apontam que mais de 90% das ocorrências são causadas por falha humana.

Pela falta de regulamentos e procedimentos técnicos atualizados para atender às operações complexas, algumas empresas recorrem às normas estrangeiras ou eventualmente criam as suas próprias. Com isso, a produtividade nas obras é seriamente afetada com o risco iminente de acidentes envolvendo operadores de máquinas pesadas ou mesmo daquelas consideradas mais simples, que são as de linha amarela.

Com a nova dinâmica de mercado consequente da avalanche de projetos e obras previstos para os próximos anos, o setor começa a sentir a pressão por investimentos para formar pessoas mais capacitadas e também para atender à demanda de um segmento pouco visado por programas educacionais no Brasil, que é o de operador de máquinas.

Entre os pré-requisitos para atuar como operador, não é exigido um alto nível de escolaridade, porém ser um engenheiro com formação acadêmica em engenharia civil, mecânica, de segurança ou outra área ligada à construção pesada representa um grande diferencial nos recrutamentos. Colocar um profissional em um equipamento sem o devido treinamento é o mesmo que dar uma arma a alguém.

De acordo com o Instituto Opus, programa da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção) dedicado a formar, capacitar e certificar operadores de equipamentos pesados para a construção civil, de 2009 até hoje o mercado demandou uma média de 54.000 operadores por ano.

Os reflexos da falta de profissionalização na área também podem ser visualizados até mesmo na equiparação dos salários. A faixa salarial de um operador pode variar de 1.000 a 25.000 reais. Entre as questões variantes para essas desigualdades estão o tipo de máquina, o local da obra, a empresa contratante e o tempo gasto para o trabalho.

Os preços dos cursos também variam de acordo com a duração ou com os equipamentos envolvidos. Treinamentos para operação de máquinas de grande porte, como guindastes, por exemplo, chegam a custar até 3.000 reais. Grandes empresas investem significativamente em capacitação, incluindo o uso de simuladores no treinamento de seus colaboradores e também buscando parcerias com qualificadores para ter mais qualidade na formação dos funcionários.

Principais causas de acidentes envolvendo operadores de máquinas:

1- Falha no planejamento

2- Falta de supervisão

3- Baixa qualificação de operadores

4- Alta carga horária de trabalho

5- Complexidade operacional

6- Negligência na operação

GESTÃO DE PROJETOS.

A gestão de projetos de obras de aeroportos se depara com a abrangência superior dos projetos, quando comparados aos de empreendimentos convencionais. No projeto de um aeroporto, estão presentes todas as disciplinas gerais de um empreendimento civil, que são os sistemas pensados para atender as necessidades dos passageiros. Mas, associado a eles, há uma infraestrutura muito complexa, que é o lado aéreo do aeroporto, a preocupação com as aeronaves. Um elemento à parte, ao qual a engenharia civil não está acostumada.

Enquanto a grande preocupação do gestor de projetos de empreendimentos residenciais e comerciais é a obra, no caso de aeroportos é preciso atentar também à operação. Até porque, a maioria das obras é realizada com o local em funcionamento. São obras de ampliação de pistas e de capacidade. Recentemente houve um aumento do número de implantação de aeroportos, mas isso não é comum, porque o aeroporto é um equipamento de vida útil longa. Depois de construído, já começa a operar, não sendo possível paralisá-lo para fazer reformas.

MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E SEGURANÇA.
A construção da segunda pista prevista para o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, por exemplo, teve toda a estrutura de um equipamento novo. Só que não foi possível desconsiderar a atividade atual ou seja uma parte do aeroporto continuou funcionando. O projeto precisava ser feito e como fazer as mudanças necessárias sem afetar o funcionamento. Como são obras de grande porte, que demandam muito investimento, geralmente, são feitas aos poucos, em fases.
Um fator muito comum nas obras de aeroportos é a necessidade de acessar as áreas em uso do mesmo, nesse caso a construtora deverá apresentar um planejamento com inicio e fim de atividades para não atrapalhar o dia dia do aeroporto.

Outro causador de problemas em obras é a quantidade de caminhões que muitas vezes no momento da terraplanagem permanecem ao redor do aeroporto aguardando as movimentações de terra. Esse item muitas vezes propicia um transtorno próximo do aeroporto, causando muitas vezes multas para a concessionaria e empreiteiros, nesse caso o melhor a fazer é programar todas as cargas de entrada e saída durante esse período.
É comum durante um período a obra produzir uma quantidade muito grande de poeira, isso pode afetar a saúde e a visibilidade não só dos funcionários como também da pista. Esse fator acontece no período de movimentação de terra em dias ensolarados. Nesse mesmo momento cabe à construtora programar caminhões com reservatórios de água para espalhar nos locais de grande circulação da obra e assim evitar problemas tanto nas áreas em uso do aeroporto quanto aos funcionários da obra.

É fundamental garantir a qualidade e a segurança, quesitos imprescindíveis em aeroportos. São os fatores mais importantes e que garantem o cumprimento das normas. Se formos olhar a regulamentação da ANAC – Agência Nacional da Aviação Civil – e as internacionais, todas elas têm uma preocupação muito grande com a segurança. Os operadores, as companhias aéreas e os controladores de tráfego atuam para garantir segurança e qualidade. Mas grande parte da segurança encontrada em aeroportos deve vir do projeto. O operador tem muito mais condições de oferecer qualidade e segurança para a aeronave e os passageiros se isso já tiver sido considerado no projeto. Ação preventiva na fase de planejamento é muito mais efetiva que a mitigação, depois, com itens operacionais.

ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO.
Com relação às áreas de armazenamento de materiais nesses canteiros aeroportos, não poderá fugir do modelo de almoxarifado central e secundários devido à extensão da obra, muitas vezes se adota alugar carros utilitários para realizar a distribuição de materiais nos postos de trabalho espalhados pelo canteiro de obra.