Replanejar as atividades do cronograma, produção parada, falta de material . Esses são apenas alguns dos sinais de que quando o assunto é centro urbano, o planejamento logístico deverá ser mais apurado.
O planejamento é fundamental! Se a empresa não apostar e decidir acertar tudo na hora da construção o atraso da obra será uma certeza. Na cidade de São Paulo, você não pode receber material na hora, do jeito e na quantidade que desejar, se não houver planejamento para organizar a logística. Sem falar no aumento do custo fazendo com que a obra se torne uma obra picada, que muitas vezes não consegue acabar.
Para evitar atrasos nos serviços e até mesmo paralisação nos canteiros, é preciso prever interferências como tráfego e restrições de horários, além de evitar complicações com a vizinhança.
Cada vez mais as obras têm que lidar com interferências de vizinhos e restrições de horário para a circulação de veículos e funcionamento de equipamentos. Deixar para resolver na obra essas complicações práticas é inviável, pois pode comprometer o ritmo da obra, afetar os vizinhos e até mesmo se mostrar impraticável por conta da legislação.
Quanto mais urbana e densa a área, maior a necessidade de contenção do impacto da obra no vizinho. Isso requer um estudo de Logística rigorosamente detalhado.
A localização da obra é o ponto de partida para definir os equipamentos a serem utilizados, seu tamanho, a quantidade de pessoas na obra, a interferência com os vizinhos, as instalações das concessionárias e mesmo o sistema construtivo utilizado.
Não dá para fazer uma obra num centro urbano sem pensar na logística e no sistema construtivo justamente por que, hoje se escolhem processos que permitam a flexibilidade de horários. É preciso pensar no recebimento dos materiais em horários flexíveis, no volume que vai ser entregue, nas condições para agilizar a descarga e deixar o caminhão menos tempo estacionado.
Desta forma, tornou-se essencial um planejamento logístico completo antes do início da obra. A engenharia logística entra desde a concepção do plano da obra, quando-se desenha todos os principais pontos dentro de um canteiro, em fração de segundos fica claro as interferências que é atualmente identificada somente com a obra em andamento. Esse estudo é feito justamente para minimizar os riscos prováveis, não que eles não possam existir, mas que serão estudados com mais profundidade.
Uma das principais dificuldades das construtoras hoje é o suprimento de materiais na obra quando o assunto é centro urbano. Em São Paulo, por exemplo, além da restrição aos caminhões betoneira, que só podem circular de manhã e à tarde, existe a restrição ao tráfego de caminhões pesados em grandes vias de acesso da capital, entre 5h e 21 h. Somado a isso a restrição ao barulho, das 22h às 5h, só há uma pequena janela na qual é possível trabalhar. Hoje uma das possibilidade que as construtoras estão adotando em suas obras é justamente a agenda logística que tem a finalidade de programar as entregas de insumos junto ao fornecedor.
O planejamento de chegada de materiais nesse caso deve ser pensado desde a fase de projeto. Não dá para pensar em um projeto sem pensar na produção, o que vai ser determinante para ajudar a escolher uma solução. A logística de recebimento do material, na sequência e hora certas também é importante, porque se a carga atrasar, você vai ter uma equipe parada. E quando se fala em transporte de material, é preciso pensar na segurança do transporte também. Está tudo interligado.
Muitas construtoras estão optando para utilizar os materiais industrializados, pois proporcionam uma melhor logística de descarga, facilitando a movimentação de caminhões e aumentando a eficiência da obra, além de contribuir com a redução de perdas. Produtos como telas prontas e barras cortadas e dobradas dispensam esses procedimentos dentro da obra, contribuindo para reduzir o ruído.
Outros procedimentos que causam barulho e, consequentemente, transtorno aos vizinhos, são o martelete para corte de rocha, serra de corte de madeira, perfuratriz para implantação de cortina, bombas para elevar o concreto nas lajes.
Uma medida que aperfeiçoa a eficiência da logística na obra, e que vai na vertente da industrialização da construção, é a prática das obras possuir um profissional de logística qualificado que gerencie todos os processos de planejamento e operação logística no canteiro buscando muitas vezes a prática da mecanização como empilhadeira, grua, guindaste hidráulico, paletização ou mesmo uso de código de barras no canteiro sendo cada vez mais presente, não só por conta das restrições, mas pelas questões de prazo, custo e rastreabilidade dos materiais.
Um ponto importante nas obras urbanas é justamente a descarga ou seja planejar a descarga mecanizada é fundamental nesse caso. Muitas empresas descarregam no "processo a granel", com o operário fazendo várias viagens para descarregar o material do caminhão. Ele poderia receber o material paletizado para ser transportado com uma manipuladora ou grua evitando o desperdício e acabando com esse tipo de trabalho desqualificado e assim ganhando mais tempo para programar novas cargas.
Um outro ponto a observar em obras urbanas é a quantidade de rede elétrica, muitas obras ficam entre prédios residenciais e casas onde muitas vezes essas redes interferem na entrada de caminhões, muitas vezes esses caminhões transportando equipamentos de grande porte como por exemplo uma carreta com escadas rolantes ou simplesmente caminhões que transportam caçambas para entulho. Em muitos casos esses detalhes só são percebidos no momento que a carga chega na obra.
As preocupações da logística nas obras urbanas não param por aí. Suas responsabilidades também incluem a redução do consumo de materiais e recursos naturais e da produção de resíduos. O processo poderá se sofisticar ainda mais no futuro, quando todas as potencialidades da modelagem de informação para a construção, também conhecida pela sigla BIM, forem incorporadas no dia a dia das empresas envolvidas na concepção e execução dos empreendimentos. Mas ainda falta um amadurecimento do meio técnico brasileiro.
Primeiro, padronização no Brasil é quase um tabu. Enquanto o mundo inteiro padroniza materiais, isso não ocorre aqui. Então, fica difícil ter um banco de dados e uma biblioteca para projetar. Sofremos muito por essa falta de padronização. Também existe dificuldade de acesso ao software de modelagem, ou por custo, ou por incompatibilidade com equipamentos. O BIM exige equipamentos caros, com maior capacidade de armazenamento de dados, e o preço alto da ferramenta é impeditivo para escritórios e empresas menores.
Podemos citar um exemplo a Construtora Mortensom, precursora do uso do BIM nos empreendimentos verticais, está obtendo resultados satisfatórios com o uso do conceito em projetos do sistema de infraestrutura enérgico em uma usina eólica de energia,entendemos que essa obra não é no centro urbanos mas o sistema com o uso do BIM faz refletirmos sobre como o sistema venho para contribuir em todos os aspectos. Esse tipo de empreendimento geralmente é construído em locais de difícil acesso e onde o atendimento às demandas do canteiro de obras é restrito. Além disso, esse tipo de construção precisa de agilidade, já que o período para sua construção abrange o tempo de uma estação do ano.
Com a utilização do BIM, todo o contexto para a implantação foi analisado, desde o local para disposição dos resíduos, implantação do canteiro de obras e definição dos trajetos que serão utilizados para o deslocamento dos equipamentos. Com esse planejamento, a construtora conseguiu reduzir, de 3 hrs para 2 hrs, a área necessária para a implantação de cada torre eólica em uma de suas obras. Em locais com restrições ambientais, essa otimização é de extrema importância.
Outro ponto ressaltado pela construtora é o planejamento: a quarta dimensão do BIM. Ele é um componente importante do projeto, já que o recebimento de matéria deve ser cuidadosamente planejado para que os materiais sejam colocados no local certo e na sequência adequada. Com um sólido planejamento, a construção segue quase um processo de linha de montagem, onde cada parte do processo de construção é modelada.
A disponibilização e fácil acesso dos dados do projeto aos colaboradores, além do planejamento ser revisto diariamente nas reuniões, também foram vantagens elencadas. Os modelos gerados no BIM também são usados para a coordenação de sistemas. Como por exemplo, a instalação elétrica de uma torre, que pode ser de 100 m de altura, geralmente possui conflito com a armadura estrutural significativa necessária nas fundações, o que pode ser evitado com a interação entre os projetos do empreendimento.
Alexandre da Silva.