sexta-feira, 9 de outubro de 2015

OS MAIORES DESAFIOS LOGÍSTICOS EM CONSTRUIR NOS CENTROS URBANOS.

Replanejar as atividades do cronograma, produção parada, falta de material . Esses são apenas alguns dos sinais de que quando o assunto é centro urbano, o planejamento logístico deverá ser mais apurado.
O planejamento é fundamental! Se a empresa não apostar e decidir acertar tudo na hora da construção o atraso da obra será uma certeza. Na cidade de São Paulo, você não pode receber material na hora, do jeito e na quantidade que desejar, se não houver planejamento para organizar a logística. Sem falar no aumento do custo fazendo com que a obra se torne uma obra picada, que muitas vezes não consegue acabar.

Para evitar atrasos nos serviços e até mesmo paralisação nos canteiros, é preciso prever interferências como tráfego e restrições de horários, além de evitar complicações com a vizinhança.

Cada vez mais as obras têm que lidar com interferências de vizinhos e restrições de horário para a circulação de veículos e funcionamento de equipamentos. Deixar para resolver na obra essas complicações práticas é inviável, pois pode comprometer o ritmo da obra, afetar os vizinhos e até mesmo se mostrar impraticável por conta da legislação.

Quanto mais urbana e densa a área, maior a necessidade de contenção do impacto da obra no vizinho. Isso requer um estudo de Logística rigorosamente detalhado.

A localização da obra é o ponto de partida para definir os equipamentos a serem utilizados, seu tamanho, a quantidade de pessoas na obra, a interferência com os vizinhos, as instalações das concessionárias e mesmo o sistema construtivo utilizado.

Não dá para fazer uma obra num centro urbano sem pensar na logística e no sistema construtivo justamente por que, hoje se escolhem processos que permitam a flexibilidade de horários. É preciso pensar no recebimento dos materiais em horários flexíveis, no volume que vai ser entregue, nas condições para agilizar a descarga e deixar o caminhão menos tempo estacionado.

Desta forma, tornou-se essencial um planejamento logístico completo antes do início da obra. A engenharia logística entra desde a concepção do plano da obra, quando-se desenha todos os principais pontos dentro de um canteiro, em fração de segundos fica claro as interferências que é atualmente identificada somente com a obra em andamento. Esse estudo é feito justamente para minimizar os riscos prováveis, não que eles não possam existir, mas que serão estudados com mais profundidade. 

Uma das principais dificuldades das construtoras hoje  é o suprimento de materiais na obra quando o assunto é centro urbano. Em São Paulo, por exemplo, além da restrição aos caminhões betoneira, que só podem circular de manhã e à tarde, existe a restrição ao tráfego de caminhões pesados em grandes vias de acesso da capital, entre 5h e 21 h. Somado a isso a restrição ao barulho, das 22h às 5h, só há uma pequena janela na qual é possível trabalhar. Hoje uma das possibilidade que as construtoras estão adotando em suas obras é justamente a agenda logística que tem a finalidade de programar as entregas de insumos junto ao fornecedor.

O planejamento de chegada de materiais nesse caso deve ser pensado desde a fase de projeto. Não dá para pensar em um projeto sem pensar na produção, o que vai ser determinante para ajudar a escolher uma solução. A logística de recebimento do material, na sequência e hora certas também é importante, porque se a carga atrasar, você vai ter uma equipe parada. E quando se fala em transporte de material, é preciso pensar na segurança do transporte também. Está tudo interligado.

Muitas construtoras estão optando para utilizar os materiais industrializados, pois proporcionam uma melhor logística de descarga, facilitando a movimentação de caminhões e aumentando a eficiência da obra, além de contribuir com a redução de perdas. Produtos como telas prontas e barras cortadas e dobradas dispensam esses procedimentos dentro da obra, contribuindo para reduzir o ruído.

Outros procedimentos que causam barulho e, consequentemente, transtorno aos vizinhos, são o martelete para corte de rocha, serra de corte de madeira, perfuratriz para implantação de cortina, bombas para elevar o concreto nas lajes.
Uma medida que aperfeiçoa a eficiência da logística na obra, e que vai na vertente da industrialização da construção, é a prática das obras possuir um profissional de logística qualificado que gerencie todos os processos de planejamento e operação logística no canteiro buscando muitas vezes a prática da  mecanização como empilhadeira, grua, guindaste hidráulico, paletização ou mesmo uso de código de barras no canteiro sendo cada vez mais presente, não só por conta das restrições, mas pelas questões de prazo, custo e rastreabilidade dos materiais.

Um ponto importante nas obras urbanas é justamente a descarga ou seja planejar a descarga mecanizada é fundamental nesse caso. Muitas empresas descarregam no "processo a granel", com o operário fazendo várias viagens para descarregar o material do caminhão. Ele poderia receber o material paletizado para ser transportado com uma manipuladora ou grua evitando o desperdício e acabando com esse tipo de trabalho desqualificado e assim ganhando mais tempo para programar novas cargas.
Um outro ponto a observar em obras urbanas é a quantidade de rede elétrica, muitas obras ficam entre prédios residenciais e  casas onde muitas vezes essas redes interferem na entrada de caminhões, muitas vezes esses caminhões transportando equipamentos de grande porte como por exemplo uma carreta com escadas rolantes ou simplesmente caminhões que transportam caçambas para entulho. Em muitos casos esses detalhes só são percebidos no momento que a carga chega na obra.

As preocupações da logística nas  obras urbanas não param por aí. Suas responsabilidades também incluem a redução do consumo de materiais e recursos naturais e da produção de resíduos. O processo poderá se sofisticar ainda mais no futuro, quando todas as potencialidades da modelagem de informação para a construção, também conhecida pela sigla BIM, forem incorporadas no dia a dia das empresas envolvidas na concepção e execução dos empreendimentos. Mas ainda falta um amadurecimento do meio técnico brasileiro. 
Primeiro, padronização no Brasil é quase um tabu. Enquanto o mundo inteiro padroniza materiais, isso não ocorre aqui. Então, fica difícil ter um banco de dados e uma biblioteca para projetar. Sofremos muito por essa falta de padronização. Também existe dificuldade de acesso ao software de modelagem, ou por custo, ou por incompatibilidade com equipamentos. O BIM exige equipamentos caros, com maior capacidade de armazenamento de dados, e o preço alto da ferramenta é impeditivo para escritórios e empresas menores.
Podemos citar um exemplo a Construtora Mortensom, precursora do uso do BIM nos empreendimentos verticais, está obtendo resultados satisfatórios com o uso do conceito em projetos do sistema de infraestrutura enérgico em uma usina eólica de energia,entendemos que essa obra não é no centro urbanos mas o sistema com o uso do BIM faz refletirmos sobre como o sistema venho para contribuir em todos os aspectos. Esse tipo de empreendimento geralmente é construído em locais de difícil acesso e onde o atendimento às demandas do canteiro de obras é restrito. Além disso, esse tipo de construção precisa de agilidade, já que o período para sua construção abrange o tempo de uma estação do ano.
Com a utilização do BIM, todo o contexto para a implantação foi analisado, desde o local para disposição dos resíduos, implantação do canteiro de obras e definição dos trajetos que serão utilizados para o deslocamento dos equipamentos. Com esse planejamento, a construtora conseguiu reduzir, de 3 hrs para 2 hrs, a área necessária para a implantação de cada torre eólica em uma de suas obras. Em locais com restrições ambientais, essa otimização é de extrema importância.
Outro ponto ressaltado pela construtora é o planejamento: a quarta dimensão do BIM. Ele é um componente importante do projeto, já que o recebimento de matéria deve ser cuidadosamente planejado para que os materiais sejam colocados no local certo e na sequência adequada. Com um sólido planejamento, a construção segue quase um processo de linha de montagem, onde cada parte do processo de construção é modelada.
A disponibilização e fácil acesso dos dados do projeto aos colaboradores, além do planejamento ser revisto diariamente nas reuniões, também foram vantagens elencadas. Os modelos gerados no BIM também são usados para a coordenação de sistemas. Como por exemplo, a instalação elétrica de uma torre, que pode ser de 100 m de altura, geralmente possui conflito com a armadura estrutural significativa necessária nas fundações, o que pode ser evitado com a interação entre os projetos do empreendimento. 

Alexandre da Silva.







segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ENTREGAMOS A OBRA! DESMOBILIZAMOS O CANTEIRO, ONDE ESTÃO OS MOBILIÁRIOS E EQUIPAMENTOS?


 Analisar processos, refazer cálculos esse é o grande momento. A situação econômica  que aflige o país, apresenta diferentes resultados para diferentes mercados, e que força as empresas  a se adaptarem e replanejar suas diferentes áreas e processos justamente para garantir a saúde dos negócios. Mas existem  processos que não são percebidos, como por exemplo o processo de desmobilização de um canteiro de obra. Você já parou para analisar como ele é complexo? A sua complexidade vai desde do momento de desmontar as áreas de vivência conforme efetivo da obra, até  destinar todos os resíduos que possam atrapalhar uma entrega. O que não devemos esquecer que no meio dessa desmobilização existem equipamentos, mobiliários e ferramentas com altos valores e que todo esse material pertence a empresa e é a mesma que delega essa responsabilidade de cuidar aos seus usuários, ou seja ao engenheiro e seus subordinados. No desespero e calor do momento de uma desmobilização, esse pensamento é muitas vezes é ignorado por muitos. É normal visitar algumas obras e nos deparar com  alguns equipamentos e mobiliários como geladeiras, televisores, aparelhos de ar- condicionado, cadeiras, computadores e laser rotativos, que simplesmente estão em situações degradantes ou simplesmente foram extraviados durante a obra. É visível que exista uma certa dificuldade na gestão desses patrimônios.Entendemos que muitas vezes esse custo aparece como elemento surpresa no orçamento final da obra. Pequenos detalhes que faz com que a empresa obtenha vantagens competitivas, faz toda diferença nesse momento. Mas a pergunta é, qual o destino desses equipamentos pós obra? Em um dos trabalhos de logística reversa feita em algumas obras, foram constatado que 45% dos mobiliários, ferramentas e equipamentos são extraviados 35% são danificados e descartados no meio dos resíduos,15 % são reutilizados em alguma outra obra  e 5 % são armazenados em um galpão qualquer? A diretoria de obra,tem ciência do descarte desse equipamento? E a área de suprimentos que muitas vezes realizam uma ou mais compras para uma mesma obra do mesmo equipamento,será que alguém controla esses pedidos rotineiros por obra?Um gestor que acabou de finalizar uma obra e não possui ferramenta para começar a próxima, será que é feita a pergunta aonde estão os mobiliários e equipamentos da obra anterior? É como se perguntasse, cade seu kit obra?
                                                                                                                                                      Muitas perguntas e poucas respostas, pois hoje atualmente só pensamos em entregar uma obra a qualquer custo, não que esse não seja um dos principais pontos, mas realizar uma entrega planejada é eficiente faz com que a empresa ganhe financeiramente benefícios em sua próxima obra.

Vamos utilizar como exemplo, um televisor LCD 40" utilizada geralmente em salas de reuniões de obras, escritórios e refeitórios. Uma televisão em uma residência leva em média de  7 a 10 anos para apresentar problemas. A duração de uma obra em si oscila entre 1 ano e meio a 3 anos dependendo do porte da obra, ou seja um mesmo televisor deveria atender no mínimo 2 obras, hoje colocando na ponta do lápis, teríamos  uma redução de R$ 1500,00 a R$2000,00 em um orçamento de uma nova obra, Não é significante? Para algumas pessoas não.

Logística reversa de mobiliários, consiste em reutilizar todos os materiais ferramentas e equipamentos utilizados em uma obra, em outra obra, lembrando que existem alguns equipamentos que perdem suas funcionalidades em certos períodos, como por exemplo computadores, que praticamente renova seus programas exigindo então uma máquina mas moderna e potente para certas atividades. Existe outro fator que é a distância entre obra onde muitas vezes o custo frete não é viável.

Em geral sabemos que no manual de uma obra, se define o administrativo para fazer a gestão desse patrimônio, e sabemos na verdade que o gestor desse patrimônio deveria ser o próprio usuário, ele deverá cuidar e zela por cada equipamento, mobiliário e ferramenta.
Qual seria uma das soluções hoje para eliminar esses índices que atualmente não é percebido; criar um centro de distribuição regional ? Criar um estoque temporário durante as obras? Criar uma área especifica para tratar do assunto? Realizar doações para os funcionários? Realizar sorteios? Leiloa-los? Ou simplesmente deixa como está, pois ainda não é preocupante para minha empresa. Existem diferentes maneiras de tratar esse assunto, basta cada empresa buscar soluções que se enquadre no momento em que ela está passando.
Qual seria a vantagem de controlar esses mobiliários? A resposta é simples, maior gestão financeira da obra, maior controle da área de suprimentos identificando a causa raiz de tantas compras, destinação correta dos resíduos, padronização dos canteiros de obras!
Será que é fácil? Não é fácil, mas não é impossível, se fosse fácil muitas empresas teriam programas voltado para esse momento importante que é o fim de uma obra.
Caso alguma empresa se interesse em elaborar projetos nessa área é importante a participação da diretoria.
Em um futuro breve todas as empresas antes de iniciar qualquer obra, deverá apresentar toda documentação de descarte de resíduos não somente dos entulhos e madeiras, mas em sua totalidade dividida por classe.
 "Em uma visita em um galpão de uma construtora em São Paulo verificamos que nesse local ficava armazenado equipamentos, mobiliários dos stand, mobiliários do escritórios, mobiliário das obras e materiais da assistência técnica. A equipe era constituída de 1 coordenado logístico, 1 auxiliar de logística, 2 ajudantes, 1 motorista e 2 seguranças (diurno e noturno). O Galpão era próprio da empresa.

Outro local visitado foi um centro de armazenamento temporário, que ficava localizado em uma obra em fase inicial. Como era feita a distribuição, existia um funcionário responsável no escritório central; que recebia uma solicitação, ao mesmo tempo esse funcionário comunicava ao motorista via rádio, o motorista realizava o carregamento na obra onde o material estava armazenado e realizava a descarga na obra solicitante. A equipe era constituída de 1 Supervisor logístico e um motorista com um veículo HR.

Outro caso interessante na obra em Brasília, a empresa possuía um programa de segurança do trabalho e os melhores funcionários no programa participavam dos sorteios dos principais equipamentos e mobiliários.

“As companhias prestam muita atenção ao custo de fazer alguma coisa. Deviam preocupar-se mais com os custos de não fazer nada.” (Philip Kotler)

quinta-feira, 9 de julho de 2015

O QUE AS EMPRESAS DEVEM FAZER EM TEMPOS DE CRISE.

Rever o planejamento estratégico, entender exatamente o caminho a ser percorrido esse será um dos fatores iniciais. A crise financeira obriga as empresas a pensar duas vezes quando o assunto é perda do faturamento, aumento das despesas fixas e principalmente no que se refere a gastar dinheiro.
Cortar custos tornou-se palavra de ordem e, neste contexto, não somente um, mas todos os departamentos de uma empresa ficam sem verba para as suas ações. Por quê? Porque para uma grande parte de quem toma decisões o montante aplicado é visto como uma despesa e não como um investimento.
No cômputo geral, demissões, paralisação de projetos, queda nos investimentos e corte do que pode ser colocado em segundo plano é o raciocínio aparentemente lógico para diminuir despesas. Entretanto, a fórmula ou solução ideal pode não ser essa e pede critérios mais específicos.

Entender onde estão os custos e onde se estabelecem os ganhos exige uma visão clara e simplificada das etapas e processos do negócio.

Conhecer com maior detalhe seus funcionamentos permite à empresa avaliar as melhores estratégias e ter mais condições de acertar na forma de trabalhar para atender seus clientes interno e externo.
O Planejamento estratégico Logístico com certeza pode ser a grande aliada nesse momento crítico. Redução de custos corporativos, mudança de processos de negócios e uso da informação, além das atividades diárias de trabalho, faz da Logística uma área de extrema e vital importância para as empresas. Juntamente com a governança corporativa, o uso das ferramentas de analise de processos logísticos em canteiros de obras pode exercer funções essenciais na identificação dos projetos que trarão resultados imediatos, eficiência operacional e competitividade à organização.



Revisar, identificar, levantar, descrever e monitorar processos leva a avaliação e aceleração de necessidades e transparecem informações mais acessíveis, rápidas e positivas a tomadas de decisões corporativas. O BPMN (Business Process Modeling Notation) é uma metodologia e ferramental com o objetivo de gerir os processos levantados, que combinadas adequadamente, ajudam as empresas a alcançarem sua metas.

Trabalhar com o BPMN requer capacidade, entendimento, conhecimento e envolvimento do fornecedor prestador desse serviço. Entretanto para que um trabalho dessa magnitude tenha sucesso e a certeza do resultado esperado, deve haver plena e efetiva participação das pessoas chaves nos processos de negócios da empresa juntamente com seus executivos.

O emprego dessas metodologias de processos alinhadas com os objetivos e a personalidade da empresa, a analise logística é sem dúvida a grande aliada em demonstrar onde estão os fatores que interferem no bom e mau funcionamento dos processos de negócios e onde podem afetar o resultado financeiro da empresa, ainda mas quando o assunto é canteiro de obras.

Quantas vezes percebemos no levantamento dos processos que existe redundância de ações ou informações, agregação de valor ou não a atividade realizada. A fase seguinte a esse trabalho e que pode ser contratado separadamente é a “medição”, ou seja, medir o tempo executado por cada atividade determinando se está ocorrendo gargalo ou afunilamento de tempo afetando a seqüência do processo seguinte. O que ocorre na maioria das vezes é observar área(s) da empresa ociosa ou parada devido a estar aguardando outra(s) área(s) na preparação do produto ou da informação que eles necessitam para dar prosseguimento ao seu trabalho. Um clássico em obras são algumas gerenciadoras que em muitos casos, precisam de uma liberação final do seu cliente, antes de repassar ou liberar alguma atividade para a construtora por exemplo! Esse fato muitas vezes acarreta uma interrupção da produção e consequentemente a atividade sequencial.

Analisando friamente o que podemos tirar de benefício em tempo de crise é enxergar oportunidades de melhoria, realinhamento de atividades e processos na obtenção de sustentabilidade e, acreditar na importância da logística em canteiro de obras aliada à governança corporativa como uma parceira na geração de oportunidade de crescimento para a empresa, criando produtividade e reduzindo os custos.

Por definição, a crise tem começo, meio e fim, e hoje as empresas deve fazer com que a equipe busque o novo em meio a crise.


Alexandre da Silva

Veja nosso próximo tema "Logística reversa de mobiliários e ferramentas de obras".

sexta-feira, 3 de julho de 2015

LOGÍSTICA NO EXÉRCITO.




O Serviço de Intendência é a parte da logística voltada para as atividades de suprimento. Ele distribui o material de intendência (uniformes, equipamentos individuais, etc) e os diversos tipos de munição e de gêneros alimentícios. Proporciona também, em operações, outros serviços como lavanderia e banho. Nas organizações militares os intendentes assessoram os comandantes na administração financeira e na contabilidade.
Incansável e tenaz, a Rainha da Logística realiza um serviço cotidiano e ininterrupto, transportando, suprindo e alimentando. A satisfação da tropa apoiada é o seu maior objetivo. Por isso mesmo, é respeitada e admirada pela sua capacidade de trabalho.
A evolução do material de Intendência é essencialmente dinâmica. Estudos são realizados permanentemente, com o objetivo de aperfeiçoá-lo.


O símbolo

Originário da Grécia e da Itália, o acanto é uma planta espinhosa, de flores brilhantes, cujas folhas compridas, verdes e recortadas, são muito decorativas. Foram largamente utilizadas, como motivos arquitetônicos, em construções de templos e monumentos sacros. Por isso, com o tempo, a folha de acanto passou a ser associada à pureza e à honestidade.
Consta que esse simbolismo permaneceu nas legiões guerreiras de Roma. Os magistrados nomeados para cuidar das finanças militares autenticavam documentos com um sinete que tinha as características da folha do acanto. Na Ilíada, de Homero, também está registrado que, na guerra de Troia, os reis incumbiam oficiais de alta patente pela guarda e gestão dos fundos destinados ao pagamento dos soldados e das demais despesas da campanha. Esses oficiais, nos acampamentos, utilizavam a folha de acanto – por ser grande, ornamental, e, sobretudo, porque amarelava com facilidade – para identificar suas barracas. Assim, em situações emergenciais, eles eram facilmente localizados.
Finalmente, na França, para exercer a administração e controlar a ação dos chefes de exército, foram criados os intendentes; homens que prestavam contas diretamente ao rei. A nomeação destes, para fazer revistas nos regimentos formados, para verificar existência e quantidade de homens e equipamentos, era por escolha entre os nobres de honra ilibada e pureza comprovada. E a Intendência passou então a fazer parte do quadro do Exército no país, tendo o acanto como símbolo do caráter e perfeição moral dos que lidam com o dinheiro público.
Em 1920, com a vinda da Missão Militar Francesa, foi criada a Intendência do Exército Brasileiro; que também ganhou como símbolo a folha de acanto.
Cabe ao Serviço de Intendência atender aos objetivos do Exército Brasileiro no que se refere a atividades logísticas que convergem para o planejamento correto e o provimento oportuno, nos locais determinados e nas quantidades e especificações exigidas. Respeitada e admirada por sua capacidade de trabalho, a Rainha da Logística realiza um serviço cotidiano e ininterrupto, transportando, suprindo e alimentando.
O patrono do Serviço de Intendência é o Marechal Bitencourt.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA LOGÍSTICA NO EXÉRCITO.

Nas antigas batalhas, as grandes colunas lutavam com o que seus homens podiam carregar “nas costas” e as preocupações logísticas não iam além do equipamento e do suprimento. Do vestuário ao armamento, passando pelo equipamento e alimentação, todo o necessário para combater e para a sobrevivência era transportado pelo homem, o que os tornavam elementos bastante pesados, dificultando a movimentação das tropas. Com o passar do tempo, e o aumento da mobilidade e da capacidade bélica dos exércitos, as soluções existentes passaram a não se mostrar satisfatórias e a importância da logística militar ficou claramente demonstrada. Segundo Barros e Soares (1996), a Logística, que não raramente é relegada a um plano secundário nos planejamentos operacionais, constitui-se em fator determinante para a condução das operações militares, em qualquer nível, tornando-se a grande responsável por inúmeras vitórias e fracassos nos conflitos armados. Para Campos (1952), a logística é o ramo dos conhecimentos militares que tem por fim proporcionar às Forças Armadas os meios humanos e materiais necessários para satisfazer as exigências de guerra. Figueiredo (2003) definiu logística militar como a parte da administração militar que compreende, em particular, a direção e a execução do suprimento, da hospitalização, da evacuação, do transporte, da manutenção e das comunicações, em proveito das operações militares. Castro (1991, p.69) expõe o termo como “a ciência dos transportes e dos suprimentos, na guerra. É arte de colocar um número exato de homens, no lugar certo, no tempo certo, com o equipamento adequado”. Continuando, afirma: “uma boa Logística, isoladamente, não vence uma guerra é bem verdade, mas uma Logística má por si só constitui a causa da perda dessa guerra” (p.70). Outras definições para a logística militar podem ser colhidas na literatura em geral, algumas foram citadas no capítulo anterior, porém todas pouco diferem em sentido, apesar de variarem bastante na forma. As principais convergências residem em expressões como: organização e funcionamento de diferentes serviços e; satisfação das 50 necessidades humanas e materiais dos seus clientes. Mais de uma década antes do começo do período de desenvolvimento da logística empresarial, os militares executaram o que Ballou (2001) chamou de a mais completa e bem-planejada operação logística na história – a invasão da Europa durante a 2ª Guerra Mundial. Desta batalha, basta destacar que os militares, sozinhos, mantinham estoques valorizados em cerca de 1/3 daquele detido por todas as empresas manufatureiras dos Estados Unidos. Além da experiência no gerenciamento de operações fornecidas em grande escala em tais organizações, os militares das nações economicamente fortes patrocinaram, e continuam a patrocinar, pesquisas em logística em grandes organizações civis. Um recente e importante exemplo de logística militar em larga escala foi o conflito entre os Estados Unidos e o Iraque - que atualmente se prolonga em território iraquiano - durante a invasão iraquiana ao pequeno país Kuwait. O suporte logístico naquela guerra é uma ilustração do que as empresas constantemente divulgam: a boa logística é uma fonte de vantagem competitiva. Ballou (2001, p. 31) cita a obra Good Logistics is Combat Power, de Graham Sharman, de 1991, onde o General William Pagonis, que estava no comando logístico do Exército Americano para a “Tempestade no Deserto”, observou: Quando o Oriente Médio começou a esquentar, pareceu um bom tempo para retirar alguns livros de história sobre combate no deserto, nesta região... Mas nada havia de logística. Logística não é um best seller. Em alguns destes diários, Rommel falou sobre logística. Ele acreditava que os alemães perderam a batalha porque não tinham grandes soldados ou equipamentos – na verdade, os tanques alemães ganharam dos nossos quase em toda a 2ª Guerra Mundial – mas porque a Inglaterra tinha melhor logística. O bom desempenho da logística na 1ª Guerra do Golfo foi óbvio, considerando, por exemplo, que a primeira onda de 200 mil homens e seus equipamentos foi deslocada em um mês e meio, ao passo que, no conflito do Vietnã, demorou nove meses. A aplicação de vários conceitos utilizados atualmente em 51 logística eram evidentes, tais como serviço ao consumidor. Os chefes militares acreditavam que, cuidando das tropas, seus objetivos seriam alcançados, não importando o que acontecesse. Os soldados eram os seus clientes, o que não é diferente de um determinado foco singular nos clientes que muitos negócios de sucesso hoje em dia têm. No Brasil, o Ministério da Defesa (BRASIL, 2001, p. 2-1) definiu Logística como sendo o “conjunto de atividades relativas à previsão e à provisão de recursos humanos, materiais e animais, quando aplicável, e dos serviços necessários à execução das missões das Forças Armadas”. A Logística representa um conjunto de atividades militares afins, reunidas segundo critérios de relacionamento, interdependência ou de similaridade, correlatas ou de mesma natureza que tem por fim proporcionar às Forças Armadas os meios humanos e materiais necessários para satisfazer as exigências de guerra ou atividades em tempo de paz. Conforme o seu histórico, as Forças Armadas adaptaram as suas doutrinas de logística para situações de conflito a partir dos princípios e normas estabelecidos para a guerra convencional. É da logística a missão de provisão dos recursos equacionadas em quantidade, qualidade, momento e locais adequados. Para isso, é pressuposto que os recursos financeiros sejam alocados conforme as necessidades, caso contrário, ajustes à realidade devem ser introduzidos. Todavia, sem conflitar com os fundamentos doutrinários e as peculiaridades de cada Força, sendo respeitadas, a Logística Militar, segundo o Ministério da Defesa, tendo o cuidado de não se desdobrar em logísticas próprias, pode ditar procedimentos e ações específicas que possam refletir nos respectivos sistemas organizacionais. Considerada como um dos fundamentos da complexa arte da autodefesa em momentos de conflitos, por sua destacada e importante atuação na solução de complexos problemas de apoio às forças militares, a Logística adquiriu posição de relevo no quadro das operações. Todavia, é condição indispensável que haja um perfeito entrosamento entre as atividades de Logística e de Mobilização, visto que existe a possibilidade dos meios alocados pela Logística serem insuficientes, fazendo da Mobilização a provedora de recursos que irá completar e suplementar as necessidades vigentes. Assim é que, independentemente de escalão e de nível de abrangência, o 52 planejamento logístico tem como premissa básica a sua factibilidade, fundamentada na existência de meios reais ou passíveis de mobilização dentro das condições de tempo e espaço delimitadas naquele planejamento. Enfim, a Logística Militar busca adaptar os recursos ao propósito de atingir os objetivos de cada organização, administrativamente ou em operações, com a maior possibilidade de sucesso, com o menor risco possível e com o mínimo de desperdício. Na realidade, não se pode mais imaginar os exércitos sendo capazes de atuação em qualquer situação sem um adequado apoio logístico. A falha em compreender a influência e as limitações impostas pela logística historicamente contribuiu mais para a derrota dos exércitos em campanha do que propriamente a ação do inimigo. Aqueles que, no passado, não se preocuparam ou não planejaram adequadamente o apoio logístico, certamente não conseguiram executar a contento a sua operação. E quem, no presente ou no futuro, não incluir o assunto em sua pauta de prioridades, é sério candidato ao fracasso. Mas quais são as peças que o mais novo barômetro da guerra conta para consecução das suas finalidades? Com os seus serviços técnicos e administrativos. Entre os principais, figura o Serviço de Intendência. 

domingo, 14 de junho de 2015

INTELIGÊNCIA LOGÍSTICA COMO UMA ESTRATÉGIA COMPETITIVA

Não é novidade que o mercado está cada dia mais agressivo ou mesmo que a competitividade é o fator essencial para uma empresa se manter ativa, porém esse cenário está ficando cada vez mais forte, principalmente se observarmos as diversas crises econômicas que afetaram o mundo nos últimos anos, onde mesmo países que eram considerados sólidos economicamente foram drasticamente afetados e viram seu crescimento faceando a zero ou em processo de recessão.

No Brasil esse cenário não é diferente, e apesar de inicialmente não termos sofrido de forma tão expressiva com a crise de 2008, hoje a realidade bate a nossa porta com um grande risco de recessão, aumento de desemprego e aumento da austeridade devido a fatores internos, como má gestão governamental, mas também ligado a crises regionais na América Latina e no resto do mundo.

Com todos esses problemas é fundamental que as empresas se preocupem com o fator da competitividade e consigam aumentar o valor agregado em seus produtos e serviços. Durante vários anos para conseguirem atingir essa meta as empresas focaram em processos de Lean Manufacturing ou Produção Enxuta, que trabalhavam principalmente em seus processos produtivos, onde com a utilização de ferramentas reconhecidas, atingia-se o objetivo de otimização e reduções de custo que acabavam por melhorar os resultados.

Logística: A chave para melhores resultados

Porém, estamos entrando em uma fase onde grandes empresas já estão com um certo equilíbrio em seus processos, e agora precisam inovar na busca por novas alternativas para manter a competitividade, surgindo então a necessidade de trabalhar em outros potenciais processos e fluxos para poder extrair melhores resultados, dentre esses potenciais setores está a Logística, que por anos era tratada apenas como um departamento suporte, hoje acaba ganha protagonismo por sua crescente importância.

Num contexto onde a cadeia logística nacional é subdesenvolvida e depende de sistemas, em sua grande maioria muito caros e extremamente saturados, aliado a um alto custo de mão de obra e uma das maiores cargas tributárias do mundo, acabam tornando todo o processo logístico muito complexo e por consequência representando grande parte do custo das empresas. Estima-se que no Brasil haja um custo logístico total de aproximadamente 11,7% em relação ao PIB, segundo o ILOS (Instituto de Logística e Supply Chain), enquanto nos EUA esse custo chega a 8,7% do PIB Americano, que proporcionalmente é muito inferior.

Esses fatores em conjunto com a concorrência com empresas estrangeiras de países como China, Coréia do Sul e outros, que conseguem ter um custo baixíssimo de produção e muitas vezes colocam produtos no mercado por menos da metade do preço, comparado aos produtos produzidos nacionalmente, tornam altamente necessário a existência de um planejamento logístico estruturado, fazendo com que a logística deixe de ser somente aquele setor operacional focado no atendimento das necessidades imediatas, para trazer uma visão mais sistêmica.

Assim a tendência para os próximos anos é que empresas que queiram reduzir seus custos e melhorar sua competitividade trabalhem de forma mais estruturada na cadeia logística, entendendo esse setor como parte fundamental do conjunto do negócio.

Construindo a Inteligência em Logística

Um dos primeiros passos para as empresas que querem estruturar a sua logística de forma mais inteligente, é entender quais são os principais fatores internos e externos que afetam os fluxos da cadeia logística. Essa estruturação começa pela realização de um planejamento que contemple a visão a longo prazo da empresa, percebendo quais os maiores problemas enfrentados atualmente, bem como as oportunidades de melhoria, definindo ações que devem ser implementadas a curto e médio prazo para se possa atingir determinado objetivo.

Para que o planejamento possa ser feito de maneira sustentável, deve-se definir uma pessoa ou um time responsável, a depender do tamanho da estrutura e tipo de negócio, com responsabilidade clara, que atue em processos de melhoria contínua e também na implementação de inovações com foco em logística.

Esse time deve trabalhar na realização de um planejamento de todo o processo, com certa antecedência, olhando toda a cadeia de suprimentos, desde a entrada da primeira matéria-prima, até a entrega ao consumidor final daquele produto ou serviço, e muitas vezes no processo de logística reversa, o que exige uma atenção maior em todos os fluxos.

Algumas empresas tentam mesclar o time de melhorias ou engenharia de processos com a logística, porém isso pode ser um erro se os mesmos não forem capazes de identificar o fluxo logístico, que na maioria dos casos começa muito antes do processo de fabricação em si. Outro erro cometido por algumas empresas é achar que o time operacional ou mesmo que os responsáveis pela rotina de logística inbound e outbound, serão capazes de atuar ao mesmo tempo no planejamento mais estratégico, olhando melhorias e projetos futuros, isso acaba por sobrecarregar o trabalho do time, que sempre vai focar no dia-a-dia, onde os problemas são mais evidentes e imediatos. Assim é necessário que todas as tarefas sejam muito bem definidas com seus responsáveis.

Aliando a experiência do dia-a-dia com o conhecimento técnico

Uma das estratégias que são bem reconhecidas em empresas de grande porte é a criação de uma área de Inteligência Logística ou Engenharia Logística, que alia os conhecimentos de um time técnico, com a experiência do dia-a-dia da operação logística, diversos players do mercado, como industrias de bens de produção, bens de consumo, entre outros, além é claro de empresas de serviços de logística, já estão construindo a área de Inteligência Logística para atuar em melhorias de processos correntes e implementação de novos processos e inovações.

Porém uma grande dificuldade na estruturação desse time de logística avançada é encontrar profissionais formados e capacitados para atuar nessa função. Apesar de não existir um curso de graduação que forme plenamente um profissional com essas características, a formação em Engenharia de Produção é a mais próxima, que possibilita uma visão sistêmica da logística, porém mais focada na indústria. A solução encontrada então é realizar o aproveitamento interno de colaboradores que possuam uma boa experiência em logística e perfil para atuar nesta função, podemos citar como exemplo a empresa Vale, que criou um centro de treinamentos em Engenharia Logística, para formar seu pessoal interno com as ferramentas de gestão de processos logísticos e melhoria contínua.

Existem ainda diversas instituições que oferecem cursos de pós-graduação na área de Gestão de Logística, Engenharia Logística ou mesmo cursos técnicos de melhoria contínua aplicada a logística, que podem complementar a formação do colaborador.

Porém o mais importante é que as empresas identifiquem se existe esse GAP em seu processo e a partir daí tome a iniciativa de mudar, pois em um mercado tão agressivo e com crises que vão e vem a todo o momento, somente aqueles que saírem na frente e inovarem estarão competindo a médio e longo prazo.


Fonte: Blogística.

Alexandre da Silva - Especialista Logístico de obras.